Um dos melhores textos interpretados que já vi.
"Eu sou Mefistófeles", narrado por Antônio Abujamra.
Eu sou Mefistófeles.
Mefistófoles!
É, o diabo e todos vocês são Faustos.
Faustos, os
que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade nesse mundo vão, tudo é tristeza,
tudo é pó é nada, quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal
da vida cabe entre nossos braços e abraços, mas eu não sou exatamente o que
vocês pensam, eu não sou exatamente o que as igrejas pensam, as igrejas
abobinam me.
Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele
é o sol eu sou a lua, a minha luz paira tudo quanto é fútil, margens de rio,
pântanos, sombras.
Quantas vezes vocês viram passar uma figura
velada, rápida?
Figura que te daria toda a felicidade, figura que
te beijaria indeferidamente.
Era eu, sou eu. Eu sou aquele que sempre
procuraste e nunca poderás achar.
Os problemas que atormentam os homens são os
mesmos problemas que atormentam os deuses.
Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de
Melo Neto: “Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu? ”
Quantas vezes Deus me disse: “Meu irmão, eu não
sei quem eu sou”.
Senhores venham até mim, venham até mim, venham!
Eu os deixarem em rodopios fascinantes, uivos castéus e nas trevas, nas trevas
vocês veram todo o esplendor. De que adianta vocês viverem em casa como vocês
vivem, de que adianta pagar as contas no fim do mês, religiosamente, as contas
de luz, gás, telefone, condomínio, IPTU.
Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei
por uma vida bem selvagem, através de uma rasa e vã mediocridade que é o que
vocês merecem.
As suas bem humanas insaciabilidade terão lábios,
manjares, bebidas… É difícil encontrar quem não queira vender a sua alma ao
diabo.
As últimas palavras de Goethe, ao morrer, foram:
“Luz… Luz, mais luz!”
(Autor desconhecido).
Fernando Diz
(Autor desconhecido).
Fernando Diz
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